quarta-feira, 16 de julho de 2008

Entrevista G1 com Gee Rocha;

Qual a principal diferença do primeiro trabalho e “Agora”?
A gente amadureceu. O engraçado desse novo disco é que tivemos pouco tempo pra fazê-lo. Durante o ano passado, eu e o Di “colávamos” em casa e já fazíamos uma máscara(rascunho) da música. A grande maioria das canções desse disco a gente fez em violão e voz. O único momento que a gente juntou a banda toda para fazer as músicas foi em janeiro.

Vocês gravaram no meio da loucura de turnê ou deram uma parada?
Não, nem paramos até agora. Para produzir esse disco, por exemplo, a gente gravava de segunda à quinta, aí sexta, sábado e domingo tinha show. E tinha dia que a gente ia fazer programa de tarde e gravava a noite. A diferença do primeiro disco para esse é que tivemos outras influências.

Tem como citar algumas?
Teve muita coisa, eu escutei bastante John Mayer, Norah Jones, um monte de banda assim. Banda de rock também, tipo The Used, AC/DC.

Uma coisa que chamou atenção foi inserção de instrumentos como violino e piano na música da banda. Quem teve essa idéia?
Foi meio que em parceria. A gente já estava fazendo as músicas e eu comprei um piano digital. Queríamos colocar outros elementos que não tinham no outro disco, para ter um NX mais maduro. Não mais calmo, mais agressivo até. Eu aprendi a tocar piano na hora, o Rick [Bonadio, produtor e empresário da banda] tocou bastante piano também. O Eric Silver gravou os violinos. Colocamos até o [rapper] Túlio Dek, que fez uma participação em “Bem ou mal”.

Como rolou esse convite pra ele participar de “Agora”? Já conheciam o Túlio antes?
Na real, antes de conhecer o Túlio Dek, eu queria que o MV Bill fizesse uma parceria com a gente. Nem chegamos a falar com ele nem nada, é uma coisa pessoal, eu admiro muito o trabalho dele. Mas aí o Rick chegou e disse: “se liga nesse cara” e nos apresentou o Tulio Dek. Achamos bem legal, o jeito que ele canta, o verso dele é muito a nossa cara, bem pra cima. Conhecemos ele em seguida e acabamos virando brothers.

Vocês nem chegaram a trocar idéia com o MV Bill sobre a parceria então?
Ele nem sabe disso, um dia ainda vou falar pra ele isso, o que nós pensamos dele. A outra escolha pra música também era o Mano Brown. Eu o conheci esses dias, muito gente fina. Eu não cheguei a falar com ele sobre banda porque encontrei com ele numa padaria. Ele tava lá e o cumprimentei. Eu queria um dia chegar pra ele e falar para gravar alguma coisa com a gente. Eu acho que não teríamos problema não, pela forma que ele me atendeu. Não sei se cantaria com a gente, mas ele me pareceu ser uma pessoa bem legal.

Essas mudanças no som do NX Zero tiveram influência do Rick Bonadio? Qual o papel dele na produção?
A gente fez as músicas e mostrou pra ele. Aí ele falou: “precisa de mais duas pesadas, velho”. Aí fomos, e fizemos mais duas pesadas. Foi mais por esse lado, mais guiando a gente.

As letras de vocês são bem pra cima. Na hora de escrevê-las vocês pensam no público? Procuram compor pensando em passar uma mensagem correta pra molecada?
Na real, não. Temos entre 21 e 23 anos, então escrevemos o que estamos passando mesmo. Nesse disco escrevemos muito sobre inveja. “Cedo ou tarde”, por exemplo, eu falei pro Di, que seria legal se fizéssemos uma letra sobre meu pai, que faleceu quando eu tinha dois anos. Ele escreveu a letra em 10 minutos e acabou sendo música de trabalho. O Di que faz todas as letras do NX. E o legal é que muita gente ouve e lembra de uma pessoa que perdeu, que está longe. O legal do nosso público é isso, as pessoas acabam tendo a mesma história que a gente.

“Agora” é uma resposta a esse pessoal que critica a banda? Que torce o nariz pra vocês?
Não cara, acho que isso sempre vai ter. Infelizmente nem Deus conseguiu agradar a todos, não vai ser a gente que vai conseguir. Eu digo inveja porque infelizmente tem algumas pessoas que se diziam amigos e não eram. Sobre essa galera que às vezes critica o emo, já superamos isso.

Vocês ganharam algumas das principais categorias do Prêmio Multishow desse ano: “melhor banda” e “melhor cantor”. Em 2007, haviam ganhado como banda revelação. As coisas estão acontecendo muito rápido para vocês?
Eu lembro que assistia na TV todo mundo ganhando esses prêmios, é inacreditável falar que estamos ganhando essas coisas. Eu fico feliz mano, porque a gente está dando o sangue mesmo. Ganhar esses prêmios é muito louco, é “piração”. Nosso público é demais!

Vocês sentiram a pressão do segundo disco?
Meu, foi difícil. Eu lembro que a gente estava fazendo música e estávamos muito estressados, com medo. Só ficamos tranqüilos quando gravamos a primeira música, “Cedo ou Tarde”. Agora está tudo sossegado, mas quando fomos gravar voz estava todo mundo passando mal de nervoso.

Recentemente o pessoal do Fresno soltou uma polêmica. Falaram que o hardcore morreu pra eles e que agora são pop. O que vocês acham disso?
Eu cheguei a ver o que o Lucas[vocalista do Fresno] falou. Acho que o hardcore não morreu. Vi várias bandas legais, assisti alguns shows no independente, ouvi bastante banda nova tocando. Eu acho que o NX Zero, o Fresno, a gente saiu um pouco disso. Temos um som mais pra todo mundo agora. Se for ouvir o disco, tem uma música que parece Beatles, tem outra que parece NX Zero, tem todo estilo. Tem até reggae.

Quantos shows por semana vocês estão fazendo em média?
Na semana passada a gente fez quatro, essa semana vão rolar três. É que estamos fazendo muita TV e rádio agora. Mas já chegamos a fazer uns cinco ou seis. No sexto show não dá velho, a gente está morto.

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