sábado, 9 de agosto de 2008

Vagalume entrevista Dani Weksler



Como será que é fazer parte da atual banda mais popular do Brasil? E lidar com as responsabilidades que tal posição traz.

Divulgação

NX Zero
Mais complicado ainda deve ser estar em uma banda que atrai admiradores ferrenhos e críticos ferozes quase que na mesma proporsão. Questões como essas devem estar na cabeça dos membros do Nx Zero, que saíram dos guetos do harcore mais melódico (ou emo mesmo que não deveria ser motivo de ofensa) para virar uma espécie de "artista representante do rock" em vários eventos e programas de televisão.

O Vaga-lume aproveitou o lançamento do segundo disco do grupo, "Agora", e bateu um papo com o baterista Daniel Weksler, ou melhor dizendo, Dani.

Simpático e bom papo ele tentou nos responder a essas questões e outras mais. O resultado está aí embaixo.
Entrevista

A primeira pergunta é meio óbvia até, mas como é a sensação de em menos de dois anos sair de shows pequenos e se tornar a banda mais popular do país?



É uma sensação de sonho realizado. O mais legal é subir no palco com uma outra banda que tem de estrada o que a gente tem de idade. Tá sendo uma fase maravilhosa.




E como é lidar com essa responsabilidade? Afinal com a venda cada vez menor de discos o pessoal da indústria meio que joga as esperanças em vocês não?


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Daniel Weksler
Isso é uma coisa natural. A gente está fazendo o nosso papel e quando nós subimos no palco tudo se justifica. Todos nós temos tesão por viajar e fazer show. Essa pressão é algo que pode rolar mais no lado artístico, essa coisa de segundo disco, de ter de mostrar que viemos para ficar. Mas é um pressão boa, como por exemplo a feita pelo pessoal que trampa com a gente no estúdio, o Rick Bonadio e o Rodrigo Castanho. Eles fazem essa pressão por saber que podem extrair coisas boas da gente. E adoramos o que fazemos e no que pudermos ajudar, principalmente dentro da gravadora, com os artistas que estejam precisando, estamos aí.




E o novo disco? Vocês já estavam com planos e material pra lançá-lo já? Ou rolou uma certa pressão para entregar o material o quanto antes?



Algumas já estavam rolando há um ano e pouco, mas a gente não teve tempo de parar de verdade para compor as músicas, foi mais aquela coisa de “vamos compondo na estrada”. Antes de entrar em estúdio, a gente teve uns 15 dias pra fazer a pré-produção que na verdade foi pra fazer o cd inteiro. Foi uma porrada maluca, de ficar duas semanas sem dormir, tocando o dia todo. Mas a gente está numa sintonia muito boa e saiu tudo bem.




Vocês gostaram de gravar nesse esquema correria? Ou no futuro curtiria poder passar um ou dois anos gravando um único álbum?


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Diego Ferrero
Não precisa tanto, mas acho que aos poucos vamos chegar em uma coisa mais saudável, até por causa da idade. Imagino que daqui 5 ou 10 anos todo mundo esteja com família e não sei se vamos ter pique pra fazer um cd em trinta dias. E acho também que com o tempo a gente não vai ser tão... requisitado não é a palavra certa, mas acho que vamos conseguir ter um pouco mais de calma, sem tanta gente em cima que nem é agora.




Você está acompanhando a discussão sobre o cd no orkut?



Com certeza, a gente entra direto.




O disco meio que dividiu os fãs, especialmente os mais antigos que reclamaram da falta de mais peso. Dá a impressão que vocês estavam querendo se afastar do hardcore melódico ou emotivo e virar uma banda que simplesmente faz música pop. É por aí?



Isso é normal, quando o primeiro CD saiu, quem conhecia a gente quando éramos independentes ficou puto também. Isso é normal, sempre vai ter quem não vai gostar, mas a gente ficou super-satisfeito com o resultado. O que pode ter irritado foi o fato de termos aberto mais o leque de composições no novo disco. E a gente descobriu que dentro do meio musical brasileiro existem muitas coisas boas além do que estávamos fazendo e não tinha sentido ficar preso naquilo. Ao tocar com esses artistas, automaticamente o nosso jeito de compor mudou. Então, querendo ou não nós vamos incomodar as pessoas que nos viam como uma banda de hardcore.




Qual é relação de vocês com o produtor Rick Bonadio. Até onde vai a influência dele dentro da banda?


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NX Zero
Nós estamos numa vibe muito boa. A gente tem liberdade pra falar o que quiser e ele também. O Rick tocou em algumas faixas do disco e nós levamos coisas um pouco ousadas pro estúdio e ele curtiu.
E o Rick sabe o que está fazendo. Se chega uma banda lá que não tem uma puta estrutura, que não passou pelo underground, ele vai fazer do jeito dele e acabou. Mas o NX Zero já tinha feito um disco sozinho, então a coisa já tava rolando bem. É que nem aquela lenda das gravadoras controlarem os artistas. Se o cara chegar e não tiver base nenhuma, você vai ser controlado, porque não vai ter nenhum argumento, e nem tem escola pra isso.
Ele chegou num nível de confiança de perceber que a gente sabe o que está fazendo. Ele escuta muito a gente e tem muita experiência também, então é claro que nós o escutamos pra c* também.




A idéia de dar uma sofisticada no som com cordas e piano foi dele ou de vocês? É algo que gostariam de repetir mais vezes?



Nós sentimos que estávamos precisando trazer elementos novos, pra dar um brilho nas músicas e tal. O Rick falou então que tinha um amigo, que era o Eric Silver, que já tinha trabalhado com os Dire Straits, um cara fudido. Quando as músicas estavam praticamente prontas ele mandou pro cara gravar e quando ouvimos achamos que ficou maravilhoso. Outras coisas foram surgindo durante a gravação, uns lances de piano, percussão. E estamos sem preconceito, se ficou bom, se emocionou a gente não tem porque não fazer.




Como foi sair pelado na capa da rolling Stone? Aumentou o assédio em cima de vocês? (risos)


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Filipe Ricardo
O que rolou foi que pessoal da revista chegou e disse que queria fazer uma matéria com a gente e deixou claro que não seria para falar nem bem nem mal . Que a idéia era mostrar quem nós éramos e mostrar esse momento pelo qual estamos passando. A capa então tem meio a ver com isso, essa coisa da “verdade nua e crua”. E a gente tava fazendo várias capas de revista então nessa resolvemos fazer algo diferente pra dar uma quebrada (risos).




E os seus pais e namoradas o que acharam?



Vou te falar que meu avô ficou meio assustado (risos).




Até por estarem muito populares vocês são ao mesmo tempo uma das mais amadas e também das mais criticadas do Brasil. Como vocês enfrentam as críticas? Teve algo que você leu ou ouviu sobre a banda que te deixou irritado mesmo?



A gente é relax com isso, a gente vê que quem fala mal mesmo da gente é aquele crítico mais velho, muitas vezes músico frustrado e que tem aquele espacinho há 30 anos. E você vai ver as pessoas de quem eles falam bem e são artistas que levam 30 pessoas pro show. A gente não faz som pra crítico e sim pra galera que quer ouvir o nosso som, pra fã.




Vocês regravaram "Apenas mais uma de Amor", do Lulu Santos. Porque escolheram essa? Vocês pensaram em outras canções?


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Conrado Grandino
A gente estava entre o Djavan e o Lulu, porque a gente queria fazer uma versão de algum artista nacional pro nosso DVD. Quando a gente sentou pra tocar ela no estúdio na hora vimos que a música era aquela. E essa música marcou muita gente e queríamos mostrar uma coisa que marcou há muito tempo para um público mais novo, que é o nosso. é importante que eles saibam quem é o Lulu Santos e conheçam uma música maravilhosa como essa.




E o Lulu já disse o que achou da versão?



Sim, nos encontramos no prêmio Multishow, ele disse que adorou a versão e estamos pensando em convidá-lo para o show de lançamento do cd.




A outra música que não é de vocês é "Silêncio". Fale um pouco dela.



Essa foi feita pelo pessoal do Fresno. Eles deram meio que de presente e o legal é que querendo ou não quando você toca uma música de outra pessoa ela sai diferente.




Dá pra ver que tem uma camaradagem grande entre as bandas...



Tem que rolar, porque às vezes a gente vê que com algumas bandas que estão no cenário rola que nem uma disputa ou melhor uma inveja e rock pra mim é o contrário disso tudo. A mentalidade tem de ser algo como “pô eles estão dando certo, então vamos ficar juntos pra todo mundo dar certo”.




Vocês pensam no NX como um projeto de longo prazo?


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Leandro Rocha
Sem dúvida. Há pouco nós fizemos um projeto pro (canal de tv a cabo) Boomerang, que vai passar em toda América Latina, com as versões em espanhol de algumas músicas. Um de nossos sonhos é o de fazer alguma coisa fora do Brasil. Não que “O Brasil seja pequeno para a gente” ou papos desse tipo, mas porque a nossa vontade é a de tocar pro maior número possível de pessoas. E a gente tem só 22 anos, quer dizer, temos bastante tempo ainda.




Que som faz a cabeça do NX Zero hoje me dia?



Que pergunta difícil cara (risos). Digo isso porque a cada dia a gente escuta alguma coisa diferente porque é um trabalho que a gente tem de fazer né? Eu estou ouvindo o cd da Duffy, eu gosto de som antigo e ela conseguiu pegar bem aquele clima. O Muse também, que tá vindo pra cá (a entrevista foi feita antes dos shows do grupo). Ele são foda. A gente tava em casa vendo esse dvd ao vivo deles e todo mundo pirou. Até quem não conhecia virou fã. A gente é muito eclético e o legal é isso, cada um da banda trás alguma coisa nova pros outros ouvirem, como o John Mayer que o nosso guitarrista, o Gê trouxe.




Você baixa muita música?



Eu prefiro comprar o CD eu sou meio romântico ainda. Aliás acabando esse papo eu vou buscar o disco solo do Taylor Hawkins (o baterista do Foo Fighters) que chegou pra mim.




"Cedo ou tarde" está em primeiro lugar aqui no Vaga-lume. Fale um pouco sobre essa música?



Essa foi uma das primeiras a chamar a atenção no CD. Quando fomos mostrar as músicas novas pro pessoal da gravadora, essa foi meio que unânime. Todo mundo que ouvia gostava. E ela tem uma mensagem forte porque foi feita pro pai do Gê que faleceu quando ele tinha dois anos. o que eu acho legal dessa música, e também do clipe, é que ela passa uma mensagem de valor à família. Porque isso é muito importante. E a gente abriu o cd com essa música, que não é a coisa óbvia. A gente não abriu o disco com uma música porrada.

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